"Ela já se assenta, voltou a mastigar os alimentos, faz carinho em mim e no nosso filho e consegue carregar nossa bebê. Meses atrás, ela estava imóvel, hoje, vivemos um presente de Deus".
A declaração cheia de alívio e gratidão é do marido de Érika Cléia Soares, de 26 anos, ao contar como está sendo o dia a dia da mulher em casa com os filhos, após longos 8 meses de internação com uma paralisia rara.
Weverton Pereira da Silva, de 30 anos, mora com Érika e os dois filhos em um apartamento, no bairro São João Batista, na Região de Venda Nova, em BH, que eles conseguiram comprar após financiamento coletivo feito por uma fotógrafa na internet, no ano passado.
"Ela se recupera a cada dia mais, o corpo cada dia mais firme, tá bem melhor eu fico alegre, antes eu estava triste em tempo de perder meu amor, depois Deus me deu ela de volta, uma cruz que estamos conseguindo carregar e agora seguimos juntos”, contou o marido de Érika.
Ela ainda não consegue falar nem andar como antes. O marido, a mãe e a sogra da operadora de caixa cuidam dela diariamente em casa com as duas crianças.
Érika segue o tratamento fazendo sessões de fisioterapia.
Viralizou ao conhecer a filha
No dia 22 de setembro de 2021, o g1 Minas conversou com o Weverton após as fotos de Érika conhecendo sua filha mais nova viralizarem nas redes sociais.
Ela, na época com 25 anos, deu à luz sua segunda filha no dia 6 de setembro de 2021, quando completava cinco meses de internação em um hospital público de Belo Horizonte. Durante a gravidez, ela foi acometida por uma doença inflamatória rara que afeta o sistema nervoso central.
A pequena Maria Cecília, de 16 dias, voltou ao hospital para ver a mãe.
Érika estava grávida de 15 semanas quando, durante o jantar, os sintomas da paralisia começaram a aparecer. O casal tem outro filho, Arthur Bernardo Soares Silva, de 6 anos.
"Quando ela voltou do serviço à noite, após o jantar, ela deitou na cama, perguntei o que havia acontecido, ela estava nervosa, estranha, aí mais tarde, ela estava com visão turva, perdendo as forças, fomos para o hospital. Parecia um AVC, só depois ela foi diagnosticada com encefalomielite disseminada aguda, ADEM", explicou o marido de Érika, que é porteiro, no dia 22 de setembro.
A doença
A ADEM é uma doença inflamatória rara que atinge o sistema nervoso central. A maior parte dos casos é provocada por infecção viral ou bacteriana. Os principais sintomas são lentidão nos movimentos, diminuição dos reflexos e paralisia dos músculos.
Weverton contou na época, que, antes disso, nunca havia ouvido falar da doença, e que se assustou quando viu sua mulher paralisada e intubada, no dia seguinte da internação.
"Ela piorou demais, teve convulsões, ficava debatendo o corpo, foi para o CTI intubada, sedada. Ela ficou dias assim e, mesmo depois da alta, ela não voltou a falar", disse.