Cidades CANSADOS DE ESPERAR
Cansados de esperar pela prefeitura, moradores pagam para concretar rua em BH
Comunidade se uniu e contratou uma betoneira; O serviço particular custou cerca de R$ 3.500. Famílias dizem estar abandonadas pelo poder público
12/02/2022 18h03
Por: Redação Fonte: O Tempo

Cansados de esperar pela pavimentação que nunca chega, moradores da Rua três, no bairro Maria Tereza, região Norte de Belo Horizonte, decidiram se unir para custear as obras em um trecho de terra onde há cinco casas. A concretagem de oito metros da rua custou R$ 3.480. Ao todo, nove pessoas participaram da "vaquinha". Cada um contribuiu com exatos R$ 386,66.

A obra foi realizada neste sábado (12) e deixou os moradores mais tranquilos. De acordo com eles, com as chuvas dos últimos dias, a lama aumentou ainda mais o sofrimento de quem precisava passar de carro ou a pé pela localidade. 

"Passar pela Rua três nesse tempo chuvoso é impossível. Ficamos ilhados porque nada passa aqui, os carros deslizam, caem em buracos e estragam todos. A nossa intenção agora é concretar a outra parte da rua. Já estamos mobilizando os moradores", disse a empresária Lucivânia Silva, de 36 anos. 

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O mestre de obras aposentado Elziro Cipriano, de 67 anos, disse que a via precisava do reparo, e para ter qualidade de vida, ele tirou da aposentadoria dinheiro para ajudar na obra.

"Nem chegamos a falar com a prefeitura para pedir permissão. Eles não ligam para a nossa rua. Para viver melhor e andar na rua onde moro há mais de dez anos, paguei os R$ 386 com gosto. Apertou ter tirado esse dinheiro da aposentadoria, mas valeu a pena", desabafou o idoso. 

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Mais ruas serão concretadas

O comerciante Diogo Marques, de 28 anos, mora na Rua 8A. Ele disse que também vai se reunir com os vizinhos para realizar a obra na rua dele. 

"Com a concretagem dá para transitar melhor pela Rua 3. Aqui na Rua 8A, vamos ter que fazer o mesmo para tentar viver melhor. Já cansamos de esperar pela prefeitura, vamos fazer nós mesmos", disse.

 O que a PBH diz:

A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) informou que  a comunidade do Maria Tereza, juntamente com outros loteamentos irregulares, conquistou a elaboração de projetos executivos que serão realizados em parceria com o Banco Mundial. A proposta encontra-se em análise no Senado.

Confira a nota na íntegra:

O bairro Maria Tereza não foi implantados pela PBH. Trata-se de uma região, parte antiga da Fazenda Capitão Eduardo, adquirida pela Associação dos Voluntários do bairro Guarani – ASVOG, para implantação de parcelamento do solo e posterior construção de moradias dos cooperados.

O projeto de parcelamento foi elaborado em desacordo com a legislação vigente e não foi objeto de licenciamento pelos órgãos reguladores, tanto na esfera urbanística, quanto na ambiental. Assim, as obras foram embargadas pelo Poder Público já no início das atividades de implantação do parcelamento, não sendo possível dotar o assentamento com infraestrutura básica antes da ocupação.

O Loteamento irregular Maria Tereza foi reconhecido pela PBH, em 2019, como Assentamento de Interesse Social (AEIS 2). Também com base no Decreto 16.888 de 2018, a PBH liberou as ruas consideradas consolidadas para que as concessionárias implantem infraestrutura emergencial de água, esgoto e energia elétrica.

A comunidade também conquistou a elaboração do Plano de Regularização Urbanística. O PRU é um instrumento de planejamento que visa orientar as intervenções e investimentos públicos a serem executados nesses loteamentos, com fins de futura regularização urbanística e jurídica. Tem o poder de auxiliar o Poder Público e a comunidade atendida na tomada de decisão quanto às intervenções e ações necessárias para o local na captação de recursos e para a implantação dessas ações e intervenções.

Por meio do Orçamento Participativo, a comunidade do Maria Tereza, juntamente com outros loteamentos irregulares, conquistou a elaboração de projetos executivos que serão realizados em parceria com o Banco Mundial. A proposta encontra-se em análise no Senado.