O fogo que atingiu a vegetação do Morro Escuro no último dia 10 de setembro mobilizou moradores, fazendeiros, brigadistas e voluntários em uma verdadeira corrente de solidariedade. Entre eles estava Rodrigo Souza Gonçalves, gerente de fazenda e vice-presidente do Recanto Salvador Pires, que compartilhou um relato marcado por estratégia, cansaço, risco e coragem.
Por volta de meio-dia, uma intensa fumaça chamou a atenção da comunidade. Em poucos minutos, as chamas começaram a se espalhar rapidamente pela vegetação, alimentadas pelo calor e pelo vento.
Moradores e sitiantes se uniram para retirar animais, proteger cercas e acionar o Corpo de Bombeiros. Sem tempo a perder, equipes improvisadas se formaram, cada um com as ferramentas que tinha em mãos, na tentativa de conter o avanço das chamas.
Rodrigo descreve que apagar incêndio vai muito além de enfrentar calor e fumaça: é um trabalho que exige coordenação e estratégia.
“Apagar fogo não é fácil não. Você tem que trabalhar com estratégia. A gente guia um, dois, três junto pra bater com abafador, apagando fogo. Tinha também o soprador, que jogava água junto. Sempre em equipe. Quando o vento vinha forte, dava mais força pro fogo. Quando acalmava, era a hora de chegar junto.”
O brigadista voluntário explicou que, em alguns momentos, a situação parecia fora de controle. Mas a força da união da equipe foi decisiva.
O gerente de fazenda conta que, com a chegada da noite, as condições se tornaram um pouco mais favoráveis.
“Chegou a noite, foi mais tranquilo. A temperatura baixa ajudou a controlar. Mas apagar um fogo não é fácil não. É perigoso demais, o cara tem que ter força de vontade e coragem imensa.”
Ele lembra que já enfrentou outros incêndios em áreas próximas, sempre com dificuldade e alto risco, mas reforça que a luta nunca pode ser deixada para depois.
Durante o incêndio, a comunidade do Morro Escuro se mobilizou. Grupos de mensagens serviram para avisar vizinhos, organizar os pontos de apoio e direcionar esforços. Pessoas de várias partes da região ajudaram a combater o fogo, reforçando que, em momentos como esse, a união faz a diferença.
A moradora Lorena, que há mais de dez anos vive na comunidade, resumiu o sentimento coletivo:
“Uma cena muito triste. Eu nunca vi isso na minha vida.”
O incêndio no Morro Escuro deixa um alerta para toda Santa Maria de Itabira: os períodos de seca exigem ações preventivas, como limpeza de áreas de risco, campanhas de conscientização e equipamentos adequados para brigadistas.
O relato de Rodrigo reforça que, apesar do improviso e da coragem, a luta contra o fogo é perigosa demais para ser enfrentada apenas pela boa vontade dos moradores. É preciso mais apoio e reconhecimento ao esforço de quem arrisca a vida para proteger a comunidade.