O vice-governador de Minas Gerais, Mateus Simões, anunciou, nesta terça-feira (18/11), em Belo Horizonte, a proposta do Protocolo Estadual de Cuidado da Próstata. O documento, elaborado pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) , orienta a investigação de homens com suspeita de câncer prostático na rede pública e será submetido à pactuação na Comissão Intergestores Bipartite (CIB) de dezembro.
De forma inédita no Sistema Único de Saúde (SUS) mineiro, a proposta inclui a realização da ressonância magnética multiparamétrica da próstata antes da biópsia. O exame aumenta a precisão diagnóstica e reduz a necessidade de procedimentos invasivos.
“A partir deste ano, em Minas Gerais, o PSA alterado levará à realização de ressonância magnética para identificação de alterações. Em todos os outros estados, o protocolo é exame de toque de próstata e ultrassom. E sabemos que ainda há um estigma muito grande na questão desse exame para os homens”, continuou. “Nós estamos lançando mais uma alternativa, que detecta nódulos menores, alterações morfológicas menores, e não é invasiva", completou Mateus Simões.
Aporte financeiro
Para ampliar o acesso, o Estado propõe aporte financeiro próprio, equivalente a 53% do valor da tabela do Sistema de Gerenciamento da Tabela de Procedimentos, Medicamentos do SUS, condicionando a execução à aprovação da CIB.
Desenvolvido em cooperação técnica com a Fundação Educacional Lucas Machado (Feluma), o protocolo segue as recomendações do Instituto Nacional de Câncer (Inca) e organiza o fluxo de atendimento desde a atenção primária até os serviços especializados. A diretriz não prevê rastreamento populacional, mas prioriza a investigação de sintomas e alterações no PSA (Antígeno Prostático Específico).
“O câncer que mais acomete os homens, tirando o de pele, é o câncer de próstata. É uma doença comum em uma população que envelhece cada vez mais. A ressonância é muito mais apurada, com ela conseguimos ver com mais clareza se a alteração é um câncer ou não, comentou o secretário de Estado de Saúde de Minas Gerais , Fábio Baccheretti.
Novembro Azul
A ação integra a campanha Novembro Azul e está alinhada ao Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata (17/11). A iniciativa reforça o compromisso do Governo de Minas com a promoção da saúde masculina e o diagnóstico precoce da doença.
Durante o evento, realizado no Mercado Central de Belo Horizonte, o público pode participar de atividades de promoção à saúde, receber orientações e realizar aferição de sinais vitais, das 9h às 15h, em parceria com instituições públicas e privadas.
Minas Gerais tem cerca de 2,53 milhões de homens entre 50 e 75 anos. Considerando a população sem saúde suplementar e a média de realização de exames preventivos, aproximadamente 810 mil podem ser investigados pelo SUS.
Cuidar na Hora Certa – Saúde do Homem
O lançamento do protocolo está alinhado ao programa Cuidar na Hora Certa, que organiza as linhas prioritárias de cuidado na rede estadual. A investigação do câncer de próstata começa na atenção primária, nas Unidades Básicas de Saúde (UBS).
Nesses locais, o médico pode solicitar exames iniciais, como o PSA e o toque retal. Havendo suspeita, o paciente é encaminhado para avaliação com especialista em urologia ou oncologia, onde são realizados os exames complementares.
Rede de atenção oncológica em Minas
O estado conta com 41 serviços habilitados em alta complexidade oncológica, sendo 32 Unidades de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon), quatro Centros de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Cacon), um hospital geral com cirurgia de câncer e quatro serviços de radioterapia integrados a complexos hospitalares.
Esses estabelecimentos são responsáveis pelo diagnóstico, tratamento e cuidados paliativos dos pacientes, com acesso regulado pelos municípios.
Câncer de próstata em Minas Gerais
Entre 2019 e 2023, Minas Gerais registrou 36.416 mil casos de câncer de próstata em hospitais de referência. As macrorregiões Centro, Sudeste, Extremo Sul e Oeste concentram os maiores números de registros, o que reforça a importância da ampliação do acesso a exames e da padronização dos fluxos de atendimento.
O câncer de próstata é o tipo de tumor mais comum entre os homens, depois do câncer de pele. Apesar de sua alta incidência, o tema ainda é cercado por tabus, o que pode atrasar o diagnóstico e comprometer as chances de sucesso no tratamento. Na presença de sinais e sintomas, a recomendação é procurar atendimento médico imediatamente.