A Fazenda Palmeiras, em Ituiutaba, foi escolhida para ser uma das 4 propriedades referências do projeto 'Redução da Marca a Fogo' em bovinos, que propõe a substituição da técnica pela identificação dos animais por meio de brincos. Desde agosto deste ano, a propriedade deixou de fazer nove das 10 marcações nos animais.
A iniciativa é conduzida pela empresa BE.Animal, o grupo ETCO - Grupo de Estudos e Pesquisas em Etologia e Ecologia Animal, da Univesidade Estadual Paulista (Unesp – Jaboticabal) e a Fazenda Orvalho das Flores, com o apoio das empresas MSD Saúde Animal.
Atualmente o rebanho do local conta com 1.350 cabeças de gado e, a maioria dos animais, ainda carrega a marcação a fogo em várias partes do corpo. Essa realidade começou a mudar há poucos meses, quando a forma de fazer a identificação dos animais passou a ser por meio de brincos coloridos e bottons visuais e eletrônicos.
Das 10 marcações a fogo que eram feitas no couro dos animais, apenas uma ficou mantida, que é a marca da fazenda. “Cada mês e ano de nascimento tem uma cor de brinco e é isso que identifica quando foi a chegada do animal na fazenda, e não mais pela marcação a fogo. Só mantivemos a marca da fazenda em uma das patas do bovino por segurança”, disse o proprietário, Antônio Campbell Penna.
Segundo o professor da Unesp e co-fundador da BE.Animal, Mateus Paranhos, a marcação a fogo é um procedimento antigo, tradicional e que carrega uma cultura em torno da prática. No entanto, a técnica é desgastante para os funcionários responsáveis pelo serviço, além não estar de acordo com os preceitos de bem-estar animal.
“Identificar os animais com brincos ao invés da marca a fogo traz diversos benefícios, como a redução do estresse animal, valorização do couro do bovino, além de vantagens para os trabalhadores da fazenda, para o pecuarista e para a própria imagem de toda a cadeia produtiva da pecuária”, detalhou Paranhos.
Segurança e valorização
Na Fazenda das Palmeiras todos os animais são cadastrados no Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação de Bovinos e Bubalinos (SISBOV) e recebem o brinco assim que chegam à propriedade.
“O procedimento é importante porque dá ao fazendeiro uma segurança maior. Os funcionários sabem que o pecuarista tem esse controle nas mãos, diariamente, a qualquer momento. É fundamental também porque conseguimos registrar e acompanhar a evolução da cada animal”, comentou Penna.
Outro benefício da substituição da marca a fogo pelos brincos de identificação é o melhor aproveitamento do couro do animal. Mateus Paranhos explicou que muitas das marcas eram colocadas na parte nobre do couro que engloba dorso, costado e anca, mesmo sendo proibida por lei. Com os brincos, há o menor risco de desvalorização do couro porque a aplicação não deixa cicatrizes na pele do animal.
Fazendas referências
Além da Fazenda Palmeiras, o projeto Redução da Marca a Fogo vem sendo implantado em outras três propriedades brasileiras: Fazenda São Clemente, em São José dos Campos-SP, Fazenda Rio Corrente, em Coxim-MS, e Fazenda Cambury, em Araguaiana-MT.
De acordo comMateus Paranhos, essas quatro fazendas foram escolhidas para serem referência a outras propriedades que, no futuro, possam ter interesse em fazer a substituição de algumas marcas a fogo pelos brincos.
“Já temos demanda por todo o Brasil. Do Rio Grande do Sul à Bahia, temos sido procurados por muitos proprietários ávidos em saber mais e interessados em adotar essa prática”, falou Paranhos.