O Brasil, legalmente, está organizado por uma estrutura administrativa em torno de três poderes e estes poderes de acordo com a letra da lei são independentes. Entende-se também sobre este triângulo de poder uma certa coerência e harmonia em favor do bom funcionamento da máquina pública.
Dentro desta organização, nota-se que a prática muita das vezes caminha em descompasso e desalinhamento com o campo teórico. Situação esta que de maneira alguma deveria acontecer, principalmente por parte daqueles cidadãos que estão a frente do poder. E além do mais, eles têm conhecimento sobre toda a lógica administrativa voltada para o bem comum.
A situação muito praticada por parte de alguns legisladores é utilização do cargo público em benefício próprio e muitas vezes com pensamento voltado para chantagear o poder executivo que apesar de independente, teoricamente, necessita da casa legislativa para o seu funcionamento. A prática de interferência e chantagem ao outro poder é visível em todos os níveis de governo, principalmente a nível federal, instância esta que tem a maior concentração de influência e recurso econômico.
Nota-se que legislatura passada o atual presidente da câmara federal fazia parte do grupo de governo que administrava o país e que por sinal, hoje é um grupo de oposição ao atual governo.
Naquela ocasião, corria o risco de o povo fazer confusão sobre a separação entre os poderes executivo e legislativo, pois o presidente da câmara conseguia uma interferência muito destacada em relação as ordens que deveria partir do presidente da República. Mudou-se o presidente da República, a corrente política e junto saíram do governo aqueles que antes eram aliados do presidente da Casa Menor, mas o chefe do poder legislativo permaneceu no comando, como a lei permite.
Iniciou-se um novo governo de oposição ao que findou e o presidente do legislativo buscou uma aproximação com o atual comando do poder executivo. Esta aproximação, provavelmente, rendeu lhe alguns benefícios como é notado por aqueles que têm um pouco de conhecimento em relação a estrutura de governo e também sobre o tamanho da audácia do chefe da câmara federal.
Este casamento entre o comandante da câmara federal e o poder executivo parece não haver harmonia como antes. E por sinal ainda mais distante da realidade vivida entre estes dois comandos no governo passado, no qual o presidente da casa legislativa demonstrava uma liberdade imensa em relação as decisões que seriam tomadas dentro do poder executivo.
Deduz-se que no atual governo, o poderoso legislador não consegue tanta liberdade em colocar a sua errada postura e desta maneira acaba ele utilizando de diversas artimanhas para conseguir ainda mais cargos. Além dos espaços, poder para si e para os seus parceiros.
Por fim, da maneira como está o relacionamento entre estes dois poderes há um grande risco das chamadas "pautas bobas" aparecerem para a apreciação dos deputados. Isso caso o ego do presidente da câmara não seja constantemente massageado.
Tudo leva a crer que sua prioridade não seja o atendimento ao governo e muito menos ao interesse da população brasileira. Parece que o que move o presidente do legislativo seja o fato de seu cargo de líder estar chegando ao fim e com isso o seu isolamento diante dos destaques que há anos ele conseguiu se tornar realidade.