O primo do "Maníaco de Contagem" – o ex-motorista Marcos Antunes Trigueiro, condenado a mais de 100 anos de prisão por ocultação de cadáver, homicídio, estupro e estrangulamento de mulheres no bairro Cidade Industrial, em 2009 – foi preso nesta quarta-feira (06/11), suspeito de praticar violência física, moral e psicológica contra a própria filha. A prisão ocorreu na região Oeste de Belo Horizonte, onde o suspeito atuava como membro de uma facção de tráfico de drogas. Cerca de 15 anos separam os crimes cometidos por cada um dos familiares.

De acordo com a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), o homem, de 36, tem o mesmo sobrenome do Maníaco de Contagem. Ele já cumpriu 11 anos de pena por tráfico de drogas e atuava como traficante no bairro Califórnia, em Belo Horizonte. Contra a filha, a investigação apurou que o suspeito tentou atropelá-la e a perseguia presencialmente e pelas redes sociais.

A prisão do primo do Maníaco de Contagem é um dos desdobramentos da operação Hagnos, realizada em todo o Brasil para o combate à violência contra crianças e adolescentes. Outras seis pessoas foram presas em Belo Horizonte e na região metropolitana.

Violência doméstica contra a filha
Segundo a Polícia Civil, o inquérito que investiga o primo do Maníaco começou em 2023. As primeiras denúncias apontaram que o homem praticava diversos tipos de violência contra a filha (física, moral e psicológica), de forma reiterada. Com o avanço da apuração, a Justiça expediu uma medida protetiva, mas ele a descumpriu.

"Essas medidas obrigavam esse indivíduo a não se aproximar da jovem e tampouco mencionar, inclusive através de mídias sociais, o nome dela. Mas ele demonstrou completo desprezo pelas ordens judiciais. Trata-se de um indivíduo com extensa ficha criminal, que já cumpriu mais de 11 anos de pena por tráfico de drogas. Ele tentou atropelar a filha e o namorado dela, fez outras inúmeras ameaças via WhatsApp e também pessoalmente contra essa jovem, além das agressões", conta o delegado Diego Lopes, da Delegacia Especializada em Proteção à Criança e ao Adolescente.

Ainda segundo Diego, o homem afirmou em depoimento que agredia a filha para "educá-la". As investigações da PCMG apontam que ele atuava no tráfico de drogas em uma vila do bairro Califórnia, na região Oeste de Belo Horizonte. Ele foi preso em casa, após tentar fugir dos policiais pela janela.

Relembre: o Maníaco de Contagem 
O homem ficou conhecido como "Maníaco de Contagem" por estuprar e estrangular cinco mulheres na região metropolitana de Belo Horizonte em 2009. As penas somadas de Trigueiro ultrapassam os 130 anos de prisão por crimes de homicídio, ocultação de cadáver, estupro e furto. 

Ele foi preso em fevereiro de 2010 na casa onde morava, no bairro Industrial, em Contagem. Na delegacia, ele confessou as mortes de cinco mulheres: Adina Feitor Porto, 34, assassinada em janeiro de 2009; Ana Carolina Menezes Assunção, 27, morta em abril de 2009; Maria Helena Aguiar, 48, morta em setembro de 2009; Natália Cristina de Almeida Paiva, 27, assassinada em outubro de 2009; e Edna Cordeiro de Oliveira Freitas, 35, morta em 11 de novembro de 2009.

Maníaco de Contagem: veja condenações
30 de junho de 2010: Condenado a 34 anos e 11 meses pelo estupro e morte da empresária Ana Carolina Menezes de Assunção, de 27 anos. Ela foi estrangulada com o cardaço do tênis e deixada no carro com o filho de um ano e meio dormindo sobre o corpo.

30 de setembro de 2010: Condenado a 28 anos pelo estupro e morte da comerciante Maria Helena Lopes Aguilar, de 49 anos, estrangulada com o cinto de segurança do carro.

22 de novembro de 2011: Condenado a um ano e seis meses pelo furto de um som, na comarca de Brasília de Minas.

11 de setembro de 2012: Condenado a 36 anos e nove meses de reclusão em regime fechado pelo estupro, assassinato e furto do celular da contadora Edna Cordeiro de Oliveira Freitas, de 35 anos, enforcada com o colar que usava.

11 de novembro de 2014:  Condenado a 31 anos, oito meses e 10 dias de reclusão em regime inicialmente fechado, por manter conjunção carnal e, ao final, matar a estudante de direito da PUC-Minas, Natália Cristina de Almeida Paiva, de 27 anos.

07 de fevereiro de 2018: Condenado a mais 30 anos e cinco meses de prisão, em regime fechado, pelos crimes de homicídio, ocultação de cadáver, estupro e furto.  Ele foi julgado pela morte da comerciante Adna Feitor Porto, de 34 anos.