Uma briga familiar transformou um apartamento no bairro Santo Antônio, região Centro-Sul de Belo Horizonte, em cenário de violência na tarde de quarta-feira (09/04). O motivo: um vaso sanitário entupido com fezes. A discussão entre dois irmãos — ele de 69 anos e ela de 68 — terminou com o homem baleado no braço e a mulher inconsciente, após ser atingida na cabeça com um pedaço de madeira.

O caso chama ainda mais atenção por ter acontecido em um dos bairros mais valorizados da capital mineira. Santo Antônio é conhecido por ser uma área de classe média alta, com moradores de poder aquisitivo, próximo à Savassi e à região nobre da cidade. Isso escancara uma realidade muitas vezes ignorada: brigas, agressões e até mesmo episódios violentos entre familiares não são exclusividade de comunidades carentes ou periferias. O “barraco” também acontece em apartamentos confortáveis e áreas valorizadas.

A Polícia Militar foi acionada por volta das 17h15, após vizinhos ouvirem gritos de socorro e vários disparos de arma de fogo. Ao chegar no prédio, os policiais se depararam com o idoso segurando um revólver calibre 38 com todas as munições deflagradas. Ele alertou os militares sobre a irmã, que estaria caída, mas ainda representava perigo por supostamente ter mais armas em seu quarto.

No quarto da mulher, os policiais encontraram outro revólver calibre 38 com seis munições intactas e um rifle calibre 22 sem munição. A idosa estava desacordada, com ferimentos graves e sangramento na região da cabeça.

Segundo o depoimento do homem, ele usou o banheiro do apartamento por volta das 16h30, mas como a descarga apresentou defeito, deixou o vaso entupido e foi deitar. A irmã teria usado o banheiro em seguida, se revoltou com a situação e começou a gritar e xingar o irmão. Na sequência, ela foi até seu quarto, pegou um revólver e passou a atirar contra ele. Um dos disparos atingiu seu braço. Ele então reagiu com um pedaço de madeira e golpeou a cabeça dela.

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Mesmo ferida, segundo o relato, a mulher ainda conseguiu disparar outras duas vezes e teria dito que “só não atiraria mais porque a munição acabou”.

A mulher estava desorientada e confusa quando foi atendida, e a única frase que conseguiu dizer aos policiais foi: “Atirei e apanhei muito, só não atirei mais porque a munição acabou”.

O histórico de violência entre os dois já era conhecido pela polícia. O boletim de ocorrência informa registros anteriores por ameaça, calúnia, agressões e vias de fato. Ambos foram encaminhados para hospitais sob escolta: o idoso, para o Hospital João XXIII; a mulher, para um hospital particular.

O caso agora está sob investigação da Delegacia da Mulher. A perícia foi acionada e todas as armas foram apreendidas. A briga, motivada por um vaso entupido, evidencia um convívio familiar marcado por conflitos, descontrole e violência — mesmo dentro de um dos bairros mais abastados da capital mineira.