Servidoras públicas do Presídio de Ibirité, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, denunciaram o diretor-adjunto da unidade, Valdeci Pereira Maciel, por ameaça e importunação sexual. Elas também relataram sofrer constrangimentos, assédio moral e perseguição durante o horário de trabalho. A Polícia Civil instaurou um procedimento para apurar o caso.
Uma policial penal disse que adoeceu depois de sofrer diversos assédios. Ela está afastada para tratamento médico desde o ano passado.
"Eu tenho muita crise de ansiedade. Ele é um dos meus principais gatilhos e eu passo muito mal só de ouvir a voz dele".
Segundo ela, o diretor a abraçava na frente de outros colegas.
"Abraços constrangedores no qual ele nos apertava, beijava, pegava nosso rosto, olhava no fundo do nosso olho e ficava assim: 'Eu te amo'. Eu ficava extremamente constrangida com o tipo de abraço que ele me dava e era sempre na frente dos outros colegas para nos intimidar", contou.
Outra policial penal disse que, em setembro do ano passado, Maciel chegou a oferecer dinheiro a ela em troca de sexo.
"Ele virou para as minhas colegas e falou: 'Tá vendo? Quanto mais nervosa ela fica, mais ela me provoca. Só por isso eu estou pagando R$ 30 mil'. Eu falei: 'Qual é a parte que você não entendeu que eu não faço sexo por dinheiro?'. Ele falou: 'Senhora, todo mundo tem seu preço. Agora, eu estou pagando R$ 50 mil'".
Segundo as mulheres, os abusos começaram quando Valdeci Pereira Maciel tomou posse como diretor-adjunto do presídio, há quase quatro anos.
De acordo com a advogada Fernanda Orly, que representa quatro vítimas, várias denúncias foram feitas na Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) entre 2019 e 2022.
"Eles marcaram uma audiência de conciliação para ver se as nossas vítimas tinham interesse de conciliar em relação aos fatos com os seus abusadores. O que a gente precisa é que eles sejam afastados. Não tem como, em um cargo de direção de um presídio, a gente ter pessoas com essa conduta", afirmou.
Em nota, a Sejusp declarou que Maciel foi afastado definitivamente do cargo há cerca de 30 dias. A publicação da exoneração foi solicitada pelo Departamento Penitenciário de Minas Gerais, mas ainda não foi feita.
Ainda segundo a pasta, o Núcleo de Correição Administrativa (Nucad) instaurou um processo administrativo em desfavor do homem.
"Destacamos que a Sejusp não compactua com quaisquer desvios de conduta dos seus profissionais. Todas as situações de desvio de conduta e de práticas criminosas de servidores são acompanhadas com rigor pela Sejusp e as medidas administrativas cabíveis no âmbito do processo legal são tomadas, guardando sempre o direito à ampla defesa e ao contraditório", afirmou a pasta.
O g1 entrou em contato com Valdeci Pereira Maciel, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.