
"Para, menino. Você vai me machucar, eu trabalho fichado". Em plena luz do dia, na vila Bernadete, região do Barreiro, em Belo Horizonte, uma mulher grita enquanto é agredida por dois homens com cintos. Ela e outras duas mulheres apanharam durante um "tribunal do crime" na área. Nesta quarta-feira (25), a Polícia Civil informou que prendeu um dos suspeitos, de 19 anos.
O caso aconteceu em janeiro deste ano, e chegou ao conhecimento dos policiais através de vídeos gravados pelos bandidos durante os crimes. Por medo, as vítimas de 39, 42 e 54 anos não denunciaram.
"Nós iniciamos a investigação quando tivemos acesso às imagens. Conseguimos identificar os dois autores que aplicavam as agressões, as vítimas e o motivo das torturas. As vítimas tiveram uma desavença com uma quarta mulher. E essa mulher, possivelmente vinculada ao tráfico de drogas, acionou esse grupo criminoso para aplicar esse castigo pessoal", explicou o delegado Túlio Leno.
Nas imagens é possível ver que os bandidos ordenam que as vítimas encostem próximo a um muro. Revezando, eles agridem as mulheres. "Chega, para", grita uma segunda mulher. Em seguida um dos agressores afirma: "Quem manda aqui é nóis (sic)".
A prisão do investigado ocorreu na última sexta-feira (20) em Ibirité, na região metropolitana da capital mineira. A mulher que teria ordenado o ataque ainda não foi identificada pela polícia. O segundo homem que participou das agressões, de 25 anos, é considerado foragido da Justiça. Já o terceiro suspeito que filmou toda a ação não aparece nas imagens, mas policiais também apuram quem seria.
Medo na população
Segundo a polícia, o objetivo em espalhar as imagens nas redes sociais seria colocar medo nos moradores da região. "Eles tentam impor um poder paralelo que não existe, tentam aterrorizar. São os órgãos do Estado que estabelecem a segurança e o fazem sempre", pontuou o delegado.
Das três vítimas, apenas uma permanece na vila. Os homens vão responder pelo crime de tortura, com pena de dois a oito anos de reclusão, e associação criminosa, com pena de um a três anos.