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Motoristas de ônibus de BH relatam doenças e precariedade

Condutores reclamam de dificuldades financeiras e problemas de saúde causados pela rotina estressante da profissão. Greve está suspensa até quarta-feira (1.12)

Diego Jorge
Por: Diego Jorge Fonte: Carolina Caetano
27/11/2021 às 06h30 Atualizada em 27/11/2021 às 06h42
Motoristas de ônibus de BH relatam doenças e precariedade

Motoristas de ônibus de BH decidiram nesta sexta-feira (26) suspender a greve, até a próxima quarta-feira, mas podem voltar a interromper o serviço de transporte coletivo caso as negociações com o sindicato patronal não avancem nesse período. Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de Belo Horizonte e Região (STTR-BH), Paulo César Silva, a decisão foi tomada após o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (Setra-BH) se comprometer a aumentar os salários.

Os trabalhadores alegam que, após anos de defasagem salarial e acúmulo de funções, chegaram ao limite. Segundo o STTR-BH, são mais de 8.000 trabalhadores na capital. A reportagem conversou com alguns desses motoristas, que relataram dificuldades financeiras e problemas de saúde causados pela profissão, além da rotina estressante.

Com medo de retaliações, apenas um condutor quis se identificar. Renato Evangelista dos Santos tem 47 anos e dedicou 19 à profissão. O motorista afirma que os problemas no trabalho aumentaram com a pandemia. “No começo, a gente tinha que orientar as pessoas sobre o uso de máscara, e nem todo mundo entendia, nos desrespeitaram, queriam nos agredir. Fora o estresse de trabalhar sem o cobrador”, explicou. Ele afirmou que, por causa do estresse, desenvolveu manchas pelo corpo.

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"Antes da pandemia, manchas começaram a surgir no meu corpo. Pioram todas as vezes que fico estressado. E permanecem, tanto que cheguei a ficar uns dias afastado. Mas acabei retornando Piora todas as vezes que fico estressado”, contou.

Segundo o STTR, 20% dos motoristas de BH estão afastados do trabalho por causa de doenças.

"As contas só acumulam"

Outro motorista, de 58 anos, revela que o salário defasado há dois anos obrigou a mulher a voltar ao trabalho como diarista. “As contas só acumulam, o salário não aumenta há dois anos, e todo mundo passa dificuldade”, detalha o profissional, que atua na área há 33 anos.

O cotidiano se tornou ainda mais complicado depois da retirada dos cobradores, ressaltou outro condutor, de 60 anos. “O mais estressante é cobrar passagem, olhar passageiro na hora que passa a roleta, que desembarca. Às vezes, as pessoas chegam aqui com várias moedas, e eu não consigo parar e contar”, desabafa.

Segundo o STTR-BH, os motoristas de ônibus da capital recebem R$ 2.339. No Brasil, a média salarial da categoria é de 2.240, de acordo com o site vagas.com.

Outro lado

Por meio de nota, o sindicato das empresas informou que reconhece as dificuldades e as reivindicações dos trabalhadores. “O SetraBH e o STTR-BH seguem mantendo diálogos para uma solução definitiva”, diz o texto. 

Nas contas do SetraBH, o custo mensal do serviço é R$ 62 milhões diante de arrecadação de R$ 64 milhões.

Apenas uma das 34 empresas não é alvo de investigação 

A operação dos ônibus na capital mineira passa pelas mãos de quatro consórcios, que reúnem 34 empresas. Desse total, apenas uma não é alvo do Ministério Público do Trabalho (MPT) por suspeitas de irregularidades cometidas. Ao todo, foram instaurados pelo órgão 615 processos investigatórios. 

Segundo a procuradora Elaine Nassif, do MPT em Minas Gerais, as violações cometidas por essas empresas são recorrentes. “Em 2015, Minas Gerais tinha 33 mil motoristas e cobradores, dos quais 25 mil atuavam em Belo Horizonte. Naquela mesma época, somente nas 54 empresas que eu investiguei, havia mais de 3.500 pessoas com perda auditiva induzida por ruído. Ou seja, pessoas que estavam com surdez gerada em razão do barulho do motor (dos veículos) e continuavam trabalhando, mesmo contra as regras do próprio Conselho Nacional de Trânsito”, resume.

Sem alternativa

A solução para o problema passa por um entendimento entre os trabalhadores e os patrões, segundo o professor de direito trabalhista do Ibmec Flávio Monteiro. No entanto, na falta de diálogo, a única saída é a greve, segundo ele.

“A greve é um instrumento de pressão lícito para que os trabalhadores evitem essa precarização”, explica. 

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